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Cremação, Por quê não?

novembro 29, 2007

Por Karina Giardelli
A cremação é um dos processos mais antigos praticados pelo homem, em algumas sociedades este costume era considerado corriqueiro e fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida prática e higiênica. Alguns povos utilizavam a cremação para rituais fúnebres, os gregos, por exemplo, cremavam seus cadáveres por volta de 1.000 a.C. e os romanos, seguindo a mesma lista de tradição, adotaram a prática por volta do ano 750 a.C. Nessas civilizações, como a cremação era considerada  um destino nobre aos mortos, o sepultamento por inumação ou entumulamento era reservado aos criminosos, assassinos, suicidas e aos fulminados por raios (considerada até então uma “maldição” de Júpiter). As crianças falecidas mesmo antes de nascerem os dentes também eram enterradas.
No Japão, a cremação foi adotada com o advento do Budismo, em 552 d.C, importado da China. Como em outras localidades, ela foi aceita primeiramente pela aristocracia e a seguir pelo povo. Incentivados pela falta de lugares para sepultamento,  pois o Japão possui pouquíssimo espaço territorial, os japoneses incrementaram significativamente a prática. Em 1867, foi promulgada uma lei que tornava obrigatório incinerar as pessoas mortas por doenças contagiosas para um controle sanitário eficaz e eficiente, bem como para racionalizar e obter melhor uso da terra, os cidadãos passaram a considerar normal cremar todos os mortos e todas as religiões passaram a recomendá-la.

POR QUE A CREMAÇÃO SE TORNOU OBJETO DE REJEIÇÃO?
De maneira geral, no século V d.C. o Cristianismo promoveu uma campanha intensa a fim de abolir a prática da cremação dos cadáveres, por considerá-la bárbara e pagã. Desde então os sepultamentos tornaram-se a maneira mais correta de dispor “condignamente” os mortos, prática até hoje predominante no Brasil. Justamente por se tratar da semelhança com que Jesus Criador foi enterrado. Nos grandes centros urbanos (S.Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, etc.), observa-se uma aceitação crescente do processo de cremação, tanto no segmento social como no militar, abrangendo desde o cidadão comum (Classes B e C) até o intelectualizado e/ou mais abastado (Classe A). Esta crescente aceitação é decorrente da conscientização ambiental e sanitária, a globalização, ambiente econômico e territorial.

POR QUE CREMAR PODE SER UMA SOLUÇÃO PARA PROBLEMAS AMBIENTAIS?

Neste início de século, não somente o país, mas o mundo, face aos problemas ambientais que se acentuam como a escassez de áreas adequadas para as necrópoles, observa-se que há uma tendência mundial de retomada e popularização da cremação dos mortos.
Atualmente, torna-se cada vez mais reconhecida a importância do meio ambiente, a necessidade do não desperdício de água e de preservação da natureza. Porém, nessa onda, alguns pontos de grande importância passam batidos, um deles, apesar de mórbido e desconhecido à população refere-se à poluição que os cemitérios podem causar. Poucos imaginam ou sequer chegaram a pensar na possibilidade de que os mortos são capazes de se tornar perigosos poluentes. O processo de decomposição de um corpo, que leva em média dois anos e meio, faz com que se origine um líquido chamado necrochorume. Este composto é eliminado durante o primeiro ano após o sepultamento. Trata-se de um líqüido viscoso, com a coloração acinzentada que, com a chuva, pode atingir os lençóis freáticos, ou seja, a água subterrânea de pequena profundidade.
Através de uma entrevista feita com o geólogo, professor da Universidade São Judas Tadeu de São Paulo e especialista, no assunto, Lezíro Marques Silva, verificou-se que dos 600 cemitérios analisados 75% deles poluem os lençóis freáticos, fazendo com que a água dos arredores dos cemitérios  utilizadas para serviços domésticos estão contaminadas com o líqüido liberado pelos cadáveres, de forma a contribuir com a proliferação de doenças.
Ele diz: “Em São Paulo há vetores transmissores da poliomielite e da hepatite e as pessoas que não têm acesso à rede pública de abastecimento e utilizam poços é que são afetadas. Se em São Paulo a situação já é grave, imagine nos cantões do País?”, indaga o professor.
PORQUE NÃO DIZER SIM À CREMAÇÃO?
No Brasil, segundo as informações obtidas junto ao Serviço Funerário do Município de São Paulo, o qual administra o Crematório de Vila Alpina, os custos de cremação são os seguintes:
A cremação custa em torno de R$ 350,00 como referencial, sabe-se que um enterro mais simples gira em torno de R$1.400,00, enquanto o mais luxuoso por volta de R$5.000,00, em cemitérios municipais. Nos cemitérios particulares, acresce-se o custo de aquisição dos jazigos.
Além disso, as pessoas que optam por sepultar os cadáveres arcam com os custos de manutenção de jazigos e correm vários riscos de roubos de peças do túmulo.
Para que as pessoas pudessem ter mais acesso ao serviço de cremação, a prefeitura recentemente alterou a Lei 11.479/94 que dispensa os doadores de órgãos das taxas funerárias e do enterro para que, além disso, custeiem-se ao munícipe as taxas de cremação. Como medida de saúde pública. Dessa forma, a prefeitura acredita que está ajudando a solucionar dois grandes problemas enfrentados pela sociedade atual: a falta de Órgãos nos hospitais e os problemas já citados sobre a poluição gerada pelos cemitérios.  A introdução funcionaria como um incentivo legal à cremação, além de garantir ainda assim o equilíbrio dos cofres públicos.
Desta forma, os cidadãos que habitam a cidade de São Paulo vão poder contribuir de várias formas ao optar por utilizar o serviço de cremação, a doação de órgãos, que cada vez mais é importante para dar a oportunidade a milhares de pessoas de viver e também para gerar soluções em prol do meio ambiente.

 O PERIGO DO NECROCHORUME.

“Além dos dejetos de cadáveres contaminarem quem mora perto dos cemitérios, laudos técnicos de órgãos oficiais demonstram que a incidência desse fenômeno pode ocorrer a grandes distâncias, principalmente quando a nascente de um córrego está localizada nas proximidades de um cemitério. Dessa forma, invariavelmente, as águas acabam chegando às torneiras e levando doenças como poliomielite, hepatite, gangrena gasosa, tuberculose, escarlatina e também a shiguela, uma forma de desinteria bacilar que, por meio do necrochorume, pode matar em 48 horas”. Afirma Leziro.

Para saber mais.
Crematório Municipal Dr. Jayme Augusto Lopes
Av. Francisco Falconi, 437 – Jd. Avelino – Vila Alpina
03227-000 – São Paulo – SP
Fone fax: (11)6347-3549
Central do Serviço Funerário Municipal ligue para 0800-109850.
Internet
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/empresas_autarquias/servico_funerario